Editora: DarkSide Books
Páginas: 528
Ano: 2015
Classificação: 5/5
Uma obra-prima imprevisível e cruel porque o melhor fica guardado para o final!
O mundo está dividido e o tempo se esgotou completamente, deixando-nos agarrado aos dias finais. Estes são os dias que nos esperaram por todas as nossas vidas. Estes são os meus dias. Eu vou estar diante da Centena e eles vão ouvir. Vou tomar o trono, não importa quem está contra mim, se vivo ou morto. E se eu devo ser o último imperador, farei disso um final e tanto.
A aclamada Trilogia dos Espinhos chega ao seu grande final, depois de termos acompanhado a dolorosa e supreendente infância e adolescência de Jorg Ancrath em Prince of Thorns e King of Thorns, com todo o brilhantismo, charme, violência extrema e total crueldade deste egomaníaco romântico. Conforme Jorg cresce, seu caráter muda e ele parece encontrar algum equilíbrio em suas tendências sociopatas. Em Emperor of Thorns, vamos novamente tomando contato com as atribulações de Jorg e sua fixação em conquistar o Império Destruído com saltos entre o presente e o passado, assim como Mark Lawrence já havia feito no volume anterior. Com isso, vamos descobrindo, desvendando e nos surpreendendo com o mundo onde a história se passa e com as saídas e escolhas nada tradicionais ou lógicas que Jorg se vê obrigado a tomar em seu caminho ao trono.
Prince of Thorns, King of Thorns e Emperor of Thorns formam uma das trilogias mais importantes da nova geração, que chega ao fim de forma brilhante e imprevisível, ao mesmo tempo cruel e poética, uma obra-prima de um novo grande autor.
Primeiramente, digo que a saga
para conseguir esse livro foi intensa. Ia comprar em pré-venda, tive problemas,
ia adiando a compra e consequentemente a ansiedade pela leitura só aumentava.
Até que em Abril desse ano surgiu A OPORTUNIDADE! Ter o livro autografado e com
dedicatória, escritos é claro, pelo autor, eu só tinha que comprar o livro
diretamente com ele. Obviamente eu não perdi a oportunidade. Ocorreu o envio e
daí foi só esperar pacientemente o livro vir da Inglaterra até o Brasil,
torcendo para não ocorrer problema algum. Mas, como a vida gosta de pregar
peças, quando o livro, segundo o rastreio, já estava a caminho de Fortaleza,
último destino antes de vir para minha cidade, pertinho, misteriosamente o
livro sumiu do mapa, foi dado como perdido (como não amar os Correios?). Fiquei
triste claro, mas, um belo dia, após chegar em casa, me deparo com um pacote
ali, no meu quarto, me esperando. Nem abri, foi só ver os selos e o adesivo do
Royal Mail (serviço de entregas da Inglaterra) que já sabia o que era.
Impossível não ficar feliz, com um livro da DarkSide, uma das minhas editoras
favoritas, da sua trilogia favorita, do seu autor favorito e autografado! É
alegria demais para um coração só. E enfim, após alguns meses e um longo e
tedioso texto, trago a vocês minhas impressões sobre o magnífico encerramento
dessa saga sensacional!
Emperor of Thorns começa quase
que imediatamente após os acontecimentos de King of Thorns. No livro vamos
acompanhar os últimos planos e passos de Jorg na sua busca pelo trono de
Imperador e sua luta contra o até então misterioso Rei Morto. Muito sangue foi
derramado até este desfecho, quase tudo obra deste protagonista que divide
opiniões dos leitores.
A própria sinopse do livro já dá
o tom que podemos aguardar nesse grand finale. O mundo encontra-se dividido
diante das grandes forças que movimentam-se pelo reino. O Rei Morto é
finalmente uma realidade dentro da trama da Trilogia dos Espinhos. Vemos agora
toda a ameaça que ele é à vida das pessoas que vivem neste mundo
pós-catástrofe, que tenta se reerguer. Sua motivação, é Jorg; Sua ambição, ser
Imperador. Enfim um adversário à altura do nosso sortudo protagonista?
O livro é dividido da mesma
maneira que os anteriores. Capítulos no passado, que neste livro trata da busca
de Jorg por algumas respostas, aliados e descobertas sobre os misteriosos construtores,
fantasmas da civilização anterior à grande destruição ocorrida no mundo. Nestes
capítulos vemos um Jorg sem toda aquela sorte que fazia parte da aura do
personagem, ainda que o sucesso em algumas de suas empreitadas seja dado como
certo. Mas ainda assim gostei do Jorg desse livro e das mudanças propostas por
Mark Lawrence. Jorg agora tem um pouco mais de obstáculos no seu caminho, se vê
diante da morte diversas e diversas vezes e sai dos conflitos em péssimas
condições. Sobre os fantasmas dos construtores, foi interessante ver o uso que
o autor deu a eles e todo o mistério que os rondava. Ficou provado que a
civilização anterior já estava avançada em níveis extraordinários. A tecnologia
da humanidade antes da catástrofe era extremamente avançada, a ponto de
existirem dispositivos capazes de parar uma pessoa no tempo. A magia também era
uma realidade, tão forte que foi um dos motivos para a destruição desse mundo,
bem como, o que fica quase claro, sem referência direta, o uso de bombas
nucleares.
Agora falando do presente, temos
Jorg saindo de suas terras em comitiva rumo à Vyene, onde irá ocorrer a próxima
assembleia na tentativa de escolher o novo imperador. 4 anos antes Jorg já
havia participado, mas não conseguiu seu objetivo. Então, para essa nova
tentativa, ele preparou ainda mais meticulosamente o terreno com seus planos. E
novamente aqui temos o bom trabalho de desenvolvimento de Jorg. É durante essa
viajem que vemos um lado mais humano, frágil e cheio de temores, poucas vezes
visto nos dois livros anteriores. Esses sentimentos se intensificam ainda mais
com o fato de que sua esposa Miana viaja com ele, com o filho no ventre e correndo
perigo na estrada, uma vez que o Rei Morto está marchando em velocidade
impressionante pelas terras dos reinos, dominando cada uma delas com seu
exército imortal. Katherine também estava a caminho de Vyene, como
representante de Olidan, pai de Jorg, mas por problemas na estrada, ela passou
a integrar a comitiva do protagonista.
Temos também a presença de um
terceiro ponto narrativo. À exemplo dos capítulos de Katherine no livro
anterior, neste temos capítulos de Chella. Para quem não sabe, ela é uma
necromante, à serviço do Rei Morto. Podemos ver mais de perto um pouco dos
planos dele, o que não significa que eles fiquem exatamente claros para o
leitor. Outro ponto interessante é que Chella demonstra não ser exatamente
aquela força feroz que parecia ser antes. É o efeito Jorg. Ela agora se
encontra fraca e mais propensa ao medo, coisa que não acontecia quando ela era
plena em sua necromancia. Ela cumpre um papel de conexão entre o Rei Morto e
Jorg, principalmente por ser a representante do primeiro na assembleia de
escolha do imperador. Ela leva consigo a presença de Kai, um dos novos
personagens, que tinha certo potencial de importância, que mais próximo ao
final se perde, ainda assim de maneira natural. Talvez tenha sido desejo do
autor que fosse desse jeito. Chella ainda é acompanhada por um par das
criaturas mais terríveis sob o comando do Rei Morto. Fiquei um pouco na dúvida
sobre esse fato, depois que SPOILER Katherine consegue, ainda que com um pouco
de esforço, derrotar uma delas, com seus poderes de domínio dos sonhos.
Não tivemos grandes adições de
personagens. Kai, um dos novos, tinha potencial, mas não foi aproveitado,
tampouco desperdiçado. Não sei definir bem a presença dele dentro da história.
Enfim, não foi algo marcante. Chella não é exatamente uma nova personagem, mas
gostei de acompanhar seus capítulos. Mais do que ficar por dentro das ambições
do Rei Morto, foi muito interessante entender a personagem Chella e o efeito
Jorg sobre ela. Incrível o quanto esse cara mexe com os personagens. O Rei
Morto tornou-se uma grande realidade, mesmo sem capítulos próprios e seu ponto
alto e verdadeira aparição sendo no último grande ato do livro. Além deles,
alguns fantasmas dos construtores, que chegaram e se foram sem chamar muita
atenção, com exceção de Fexler, que apesar de contribuir para entendermos o que
pode acontecer no futuro e o que aconteceu no passado, tinha aparições
geralmente chatas. Personagens com quem Jorg tratou de planos para apoiá-lo,
durante as suas viajens foram uma das grandes adições, principalmente nos
capítulos dedicados à viajem do protagonista pelas áridas terras da antiga
África. Foram capítulos inteligentes, que forçaram bastante Jorg e também
mostraram uma boa dose da audácia do personagem, desafiando abertamente um dos
líderes mais influentes naquela região.
Impossível para mim não ter
definido esse livro como o melhor de toda a trilogia. Mais uma vez fui contra a
opinião da maioria, que considera o segundo melhor que o terceiro. Boa parte
dessa minha preferência partiu de toda a melhora que Mark Lawrence conseguiu
proporcionar à sua narrativa. Achei que o autor ousou muito em fazer o que fez
na obra, mesmo que algumas coisas sejam bem parecidas com certos elementos dos
livros anteriores. Este livro é uma grande viajem, não no sentido de que muita
coisa acontece pra deixar nossa mente vendo estrelinhas, mas sim no sentido
puro da palavra viajem. Jorg aqui está sempre em movimento, sempre correndo
riscos, (não que ele não estivesse sempre com a morte lhe perseguindo) e enfim
tropeçando um pouco na busca por seus objetivos. Outra coisa que me chamou a
atenção na trilogia como um todo, mas que ficou ainda mais evidente neste
livro, que foi a presença feminina na história. Ela não é somente uma alegoria
ou objeto para os homens que fazem parte da trama. Miana, Katherine e até Chella
exercem grande influência, principalmente em Jorg. São personagens fortes, cada
uma à sua maneira e que não estão ali só para embelezar as páginas. Miana foi
quem chamou mais a atenção, por conta da aparência doce, que esconde uma
presença forte e determinada.
O que falar do desfecho de tudo?
Com todo o esforço para não soltar spoilers, acho que o leitor pode aguardar um
final diferente de tudo que vemos no livro. Ele não é exatamente uma grande
surpresa, mas também não foi a coisa mais previsível do mundo. O grande
destaque está no tom com que o autor pintou suas últimas páginas. Enquanto 99%
de toda a trilogia é negra, feia, com muito sangue, sofrimento, mortes, atos
impensáveis, imperdoáveis, desumanos até, o final é um completo contraponto a
tudo isso. A beleza marca presença, mesmo que timidamente, mas suficiente para
se destacar de todo o resto da obra. Enfim pessoal, um grande final para uma
grande trilogia.
Tivemos na edição também algumas
palavrinhas do autor, já conhecidas do público brasileiro. Ele fala
principalmente da recepção calorosa que a trilogia teve por aqui, algo que ele
não viu em nenhum outro país onde seus livros foram publicados. Mark Lawrence é
um exemplo de autor a se admirar. Isso para mim fica mais claro não só pelas
suas palavras no fim da edição, mas também nas poucas que tive a oportunidade
de trocar com ele pelo Facebook. Por falar em edição, o de sempre né? Vocês já
sabem, é aquilo que eu sempre digo, DarkSide sempre arrasando nas suas edições.
É isso, o texto ficou longo, mas
contém tudo aquilo que eu queria falar sobre a história e não consegui muito
bem nas outras duas resenhas da trilogia. Agora é ficar no aguardo do próximo
livro do autor, de sua saga que está em publicação lá fora, The Red Queen’s
War, que terá como protagonista a Rainha Vermelha, que tem uma breve mas forte
participação em Emperor of Thorns. Enfim, FIM!
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